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Arquitetos: Canoa Arquitetura
- Área: 100 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Julia Novoa
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Fabricantes: Baraúna, Deca, Fernando Jaeger, Hometeka, LCB Marcenaria, Ovo, Portobello, RDS Esquadrias, REKA, Suvinil, Tramontina
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Condomínio Parque Aclimação, também conhecido como Conjunto Kowarick, foi projetado pelo arquiteto Herbert Duschenes e construído na década de 1950. Situado a poucas quadras do Parque da Aclimação, ele é composto por edifícios residenciais laminares de arquitetura tipicamente moderna, dispostos em forma de ferradura em torno de uma área comum com árvores de grande porte, quadra, piscina e salão de festas. Os apartamentos têm diferentes tamanhos e configurações de plantas e muitos dos halls de elevadores no pavimento térreo dispõem de murais de mosaico – verdadeiras preciosidades artísticas. A junção entre arquitetura, arte e natureza confere ao conjunto uma qualidade ambiental incomum na cidade de São Paulo.
A possibilidade de conceber um projeto de reforma e frequentar esse lugar foi particularmente agradável para o time de arquitetos. O apartamento de 80m2, três dormitórios e apenas um banheiro encontrava-se em estado de conservação muito precário. O investimento em uma requalificação fazia todo o sentido, especialmente por conta das qualidades já elencadas do condomínio.
O imóvel teria como finalidade a locação, condição que foi determinante para o projeto. A encomenda dos proprietários incluía a supressão das dependências de serviço e a conversão de um dos dormitórios em suíte, com a inclusão de um segundo sanitário. Tal desafio não foi pequeno frente às especificidades do edifício, como a planta recortada, a necessidade de respeitar as prumadas comuns de água e esgoto, além de trabalhar sobre a geometria complexa da estrutura de concreto com pilares e vigas desalinhados, de diferentes tamanhos e lajes rebaixadas nas áreas molhadas.
Estudamos inúmeras plantas e acabamos por aprovar, em conjunto com os clientes, uma solução na qual uma pequena área da cozinha seria incorporada ao sanitário, que teria, por sua vez, sua área bipartida, com parte voltada para o corredor (sanitário 1) e parte voltada para o terceiro dormitório, configurando a suíte. A demolição do dormitório e sanitário de serviço permitiram reorganizar a cozinha e a lavanderia: a cozinha foi integrada à sala e a lavanderia posicionada junto às janelas de serviço, garantindo máxima iluminação e ventilação naturais. Entre esses dois ambientes foi instalada uma porta de vidro de correr, que permitiria isolar ruídos e a bagunça da lavanderia, sem renunciar à iluminação natural proveniente das janelas. O projeto original previa a aplicação de película leitosa sobre os vidros dessa porta, o que ainda não pode ser feito por restrições orçamentárias.
O piso de taco das áreas secas foi restaurado, assim como os guarda-corpos da varanda e os mecanismos de abertura das enormes esquadrias tipo guilhotina (com contrapesos) dos três dormitórios. Nas áreas molhadas adotou-se um piso de granilite vermelho, pensado para dialogar com os materiais originais do edifício, ao mesmo tempo em que se distinguiria pela cor. Sobre as paredes das áreas molhadas adotou-se uma cerâmica retangular branca, escolhida pelo ótimo custo-benefício, minuciosamente paginada e assentada na posição vertical.
A marcenaria da cozinha e da lavanderia, executada em compensado naval de pinus, foi desenhada para garantir o aproveitamento dos espaços residuais da planta recortada. Sobre a ilha da cozinha foi instalado um móvel misto de marcenaria e serralheria, pensado para complementar a quantidade, já abundante, de armários e oferecer mais conforto no uso das instalações da ilha.